Para não enlouquecer

Para não enlouquecer

Share this post

Para não enlouquecer
Para não enlouquecer
O que fazer quando não dá mais para fingir que está tudo bem

O que fazer quando não dá mais para fingir que está tudo bem

Avatar de Torresmo
Torresmo
mai 27, 2025
∙ Pago

Share this post

Para não enlouquecer
Para não enlouquecer
O que fazer quando não dá mais para fingir que está tudo bem
Partilhar

Há um ponto em que o corpo não colabora mais com a farsa.
A voz falha. A paciência evapora. O sono vira campo de batalha.
Você tenta continuar. Repete os rituais. Ajusta o tom. Sorri com esforço.
Mas algo em você — que até então aceitava fingir — se recusa a sustentar a cena.

Esse ponto não chega de repente. Ele é tecido ao longo de dias, meses, às vezes anos, de silenciamento gradual.
Uma angústia adiada aqui, um desconforto relativizado ali, uma tristeza que você racionalizou até sumir.
O sujeito não colapsa por uma tragédia — mas pelo acúmulo de pequenas traições de si mesmo.
E então, um dia, algo cede.
Não porque ficou insuportável — mas porque deixou de ser possível fingir.


O colapso da performance emocional é, paradoxalmente, um gesto de sanidade.
Ele marca o momento em que a adaptação perdeu sua função simbólica.
Você já não está conseguindo mais ser aquilo que aprendeu a parecer.
E é aí que a clínica começa — não com o sofrimento em si, mas com a verdade que ele revela.

Freud, em O Eu e o Isso, nos mostra que o eu é um mediador entre as exigências do mundo externo, o desejo pulsional e os imperativos do superego. Quando esse equilíbrio se rompe, o eu adoece. Mas nem sempre como falência — às vezes como resistência.
Fingir que está tudo bem é uma estratégia do eu para preservar a imagem. Mas essa imagem não é vida — é superfície.

Lacan vai além: ele afirma que o sujeito é um efeito da linguagem, e que sua verdade só emerge no ponto em que a farsa cede. Quando o discurso do “tá tudo bem” entra em ruína, o real pode finalmente aparecer.
E o real, embora insuportável, é o único território onde algo novo pode se escrever.


Fingir que está tudo bem é um tipo de pacto narcísico com o mundo.
Você sustenta a máscara para continuar pertencendo.
Para não decepcionar, não sobrecarregar, não desorganizar os outros.
Mas toda máscara que se prolonga demais vira identidade.
E viver performando normalidade tem um preço: você desaparece de si.


I. Como identificar o ponto de ruptura simbólica

1. Você não sente mais nada — ou sente tudo o tempo todo

A alternância entre apatia e excesso de emoção é sintoma de saturação.
O sujeito está tentando conter o que não cabe mais na estrutura que criou.

2. O que antes era incômodo vira repulsa

Tarefas simples se tornam insuportáveis.
Pessoas queridas te esgotam.
Você já não tolera aquilo que sustentava com naturalidade.
Não é falta de gratidão — é sinal de que a forma de estar no mundo já não serve mais.

3. Você se escuta dizendo frases que não acredita mais

“Estou bem.”
“Só cansado.”
“Vai passar.”
Mas algo em você já sabe: não vai passar se você continuar exatamente igual.


II. O que fazer quando não dá mais para sustentar a farsa

Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias

Subscreva a Para não enlouquecer para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.

Already a paid subscriber? Entrar
© 2025 Torresmo
Privacidade ∙ Termos ∙ Aviso de cobrança
Comece a escreverObtenha o App
Substack é o lar da grande cultura

Partilhar