A busca por distinção moral tem se tornado, nas últimas décadas, um traço central da vida social mediada por algoritmos. A moralidade deixou de ser apenas um conjunto de valores orientadores da conduta para se tornar espetáculo. Não se trata apenas de agir de forma ética, mas de tornar pública a própria virtude, transformando-a em moeda simbólica para obtenção de prestígio em bolhas digitais. Esse fenômeno, conhecido como sinalização de virtude (virtue signaling), foi conceituado no campo da psicologia evolucionista como estratégia de autopromoção, mas ganhou centralidade política na cultura polarizada contemporânea.
Para Pierre Bourdieu, a lógica de distinção organiza a sociedade moderna, estruturando hierarquias simbólicas a partir da posse de capitais — econômicos, culturais, sociais e, hoje, morais. Nesse sentido, exibir indignação ou sensibilidade extrema a determinadas causas se tornou instrumento de acumulação de capital simbólico, reforçando pertencimento a determinados grupos e demarcando distância dos “outros” considerados moralmente inferiores.
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