Para não enlouquecer

Para não enlouquecer

Share this post

Para não enlouquecer
Para não enlouquecer
A lógica do autoabandono: por que às vezes é mais fácil cuidar dos outros do que de si

A lógica do autoabandono: por que às vezes é mais fácil cuidar dos outros do que de si

Avatar de Torresmo
Torresmo
jun 22, 2025
∙ Pago
5

Share this post

Para não enlouquecer
Para não enlouquecer
A lógica do autoabandono: por que às vezes é mais fácil cuidar dos outros do que de si
1
Partilhar

Algumas pessoas se tornam imprescindíveis para todos à volta, menos para si mesmas. Escutam, acolhem, aconselham, organizam, sustentam, seguram o caos dos outros — enquanto, por dentro, vão murchando. É uma bondade estratégica, quase inconsciente, onde o cuidado com o outro funciona como desvio do confronto interno. O sujeito se ocupa tanto da dor alheia que não sobra tempo, nem espaço, nem coragem para olhar para a própria.

O autoabandono raramente é percebido como tal. Ele se apresenta como altruísmo, maturidade, até vocação. E o mundo recompensa: elogios, dependência afetiva, idealizações. O sujeito sente que tem função. Que é útil, querido, necessário. Mas, em silêncio, vai se apagando. Porque não há reciprocidade real. Só papéis fixos, onde um cuida e o outro é cuidado. E o paradoxo se instala: quanto mais o sujeito se doa, menos ele se encontra. E quanto mais essencial se torna para os outros, mais desimportante se sente para si.

Na clínica, esse movimento aparece em pessoas que se culpam por descansar, que têm vergonha de pedir ajuda, que desdenham das próprias conquistas. Não conseguem sustentar o próprio desejo. Não sabem se alimentar — emocional ou literalmente. Nutrem o mundo, mas passam fome simbólica. Muitas vezes, foram crianças que inverteram papéis: cuidaram de adultos frágeis, assumiram responsabilidades cedo demais, aprenderam que amor se prova com renúncia. Crescem repetindo esse script: amar é desaparecer.

A longo prazo, o autoabandono cobra um preço alto. A vitalidade diminui, o corpo adoece, o afeto seca. O sujeito começa a esperar que alguém o salve, mas não consegue aceitar ajuda quando ela vem. Sabota quem tenta cuidar. Testa, afasta, rejeita. Porque receber exige vulnerabilidade — e quem passou a vida inteiro cuidando dos outros, muitas vezes não aprendeu a se deixar cuidar.

Como interromper o ciclo do autoabandono e reconfigurar o cuidado como gesto também interno:

Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias

Subscreva a Para não enlouquecer para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.

Already a paid subscriber? Entrar
© 2025 Torresmo
Privacidade ∙ Termos ∙ Aviso de cobrança
Comece a escreverObtenha o App
Substack é o lar da grande cultura

Partilhar